domingo, 31 de maio de 2009

O corredor da Belle Époque

Em Belém, uma das avenidas mais charmosas é a Presidente Vargas. Nela, que inicia na Escadinha, onde fica a Estação das Docas, há também a Praça da República, onde o Teatro da Paz encanta todos que o visitam.
No início da Presidente Vargas, o prédio imponente da Companhia das Docas do Pará que, todo iluminado, é um espetáculo à parte. Seguindo avenida acima, que está no coração do centro comercial da capital paraense, chega-se à Praça da República, antigo Largo da Pólvora. Aos domingos a praça fervilha com a feira de artesanato. É um exercício de paciência conseguir lugar para estacionar o carro.
Na feirinha, é possível encontrar colares, brincos e pulseiras de sementes, entalhes em madeira palha e todo tipo de artefato indígena. Instrumentos rústicos, roupas hippie, camisetas alternativas e enfeites para casa. De tudo um pouco.
À noite a praça atrai famílias em torno do seu grande astro: o Teatro da Paz. Construído no século XIX durante o período áureo da borracha, quando Belém se tornou a grande metrópole da Amazônia, até hoje é um dos mais belos teatros do Brasil. O projeto, do engenheiro José Tibúrcio de Magalhães, foi inspirado no Teatro Scalla, de Milão, Itália.
Desde este domingo (31), o Teatro da Paz abriga o XXII Festival Internacional de Música do Pará, que vai reunir em Belém os grandes nomes da música erudita mundial.
O Teatro da Paz é também o palco do Festival de Ópera, realizado desde 2002. A partir de 2007, passou a se chamar Festival de Ópera da Amazônia. Já foram apresentadas óperas como O Guarani, de Carlos Gomes, que coincidenteente, morreu em Belém.
Na praça da República é possível também tomar uma refrescante água de coco na barraquinha de dona Maria, que há quase uma década vende lanches, água de coco e comidas típicas na praça.
Para ela, que sabe da recente proibição municipal de comercializar alimentos no local, é a forma de ganhar a vida. “Aqui a gente tem que se virar pra sustentar os filhos. Eu já estou aqui há tanto tempo que não posso sair”.
Como ela, outros vendedores ambulantes se arriscam da mesma maneira.
Mas os problemas que envolvem os arredores da praça, como zonas de prostituição, pontos de venda de drogas, assaltos e roubos, não tiram o encanto de tudo o que uma caminhada pela avenida Presidente Vargas pode trazer: um mergulho à Belle Époque, um passeio pela efervescência dos domingos quentes dos trópicos e a certeza de que Belém é uma cidade para se sentir.

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